Eróticas
Publicado em 12 de outubro de 2018| | por Satyrianas
Eróticas
De Núcleo Feminista de Dramaturgia
Elenco: Núcleo Feminista de Dramaturgia
Dramamix, SP Escola de Teatro
Uma mulher à espera. Uma mulher em espera. Uma mulher sob espera. Esperar é quase sempre por-se na condição de predicado, à espera do sujeito da oração. Retomar o lugar na sentença é curvar o destino, provocar as expectativas. Em “Eróticas”, três mulheres estão à beira do colapso em esperar pelo outro, ora Deus, ora uma namorada, ora o amor romântico. Uma espera que não finda, que não se concretiza. Em alguma medida, esperar é constatar a impossibilidade de agir e que, diante disso, é preciso esperar o milagre, o imponderável. Há, porém, uma fagulha que se aponta: na primeira mulher, a impaciência é silêncio, respiração, inquietação presa; na segunda mulher, a impaciência é verbo, palavra destilada, consciência falada; na terceira, a impaciência é ação, reação, jogo estabelecido, risco. Nesse sentido, o exercício me convoca a pensar sobre o incômodo, sobre sentir-se mulher no mundo, sobre compreender dentro de mim as limitações que me destinam a espera e, enfim, a esperar por aquilo que não virá e eu bem sei.
por Ana Carolina Marinho